Meias verdades


Desde o advento das redes sociais e sua massificação, vemos postagens acusando esta ou aquela ideologia. Saudosistas da ditadura, acusadores de corrupção, ativistas dos direitos animais, conspirólogos da vacina e de refrigerantes cancerígenos. Normalmente tais compartilhamentos trazem algum respaldo político ou científico. Devemos ter cuidado ao passar adiante tais ˜informações˜. As fontes devem ser verificadas e verificáveis. 
Um argumento subtraído de uma lei, uma vírgula alterada do que um cientista renomado falou podem ser nocivos. A língua portuguesa é rica em mecanismos para alterar o sentido de determinada sentença. Há um exemplo clássico que remonta à mitologia grega.  

Em certa passagem em uma visita no oráculo de Delfos, uma sacerdotisa diz:

"Vá a guerra. Irá vencer? Não morrerá”

Tendo seu desejo confirmado o solicitante vai a guerra e morre. Quando questionada sobre a “falsa" profecia a sacerdotisa repete o que disse:

“Vá a guerra. Irá vencer? Não, morrerá”

Uma vírgula mudou o destino de um povoado. 

Agora trazendo para nossa situação. Muitos dos conteúdos compartilhados são manipulados para se adequar a um ou outro pensamento. Se tornam meias verdades. 
Meias verdades são perigosas. No exemplo mitológico uma pessoa falou para uma outra pessoa e a tragédia aconteceu. Agora imagine a falsa ideia sendo passada a frente, imagine pessoas que não vão atrás da fonte tomando isso como verdade, imagine o que pessoas podem fazer em nome de uma verdade. A situação pode ser crítica e ainda pior, associe meias verdades e seu caráter nocivo será maior do que uma mentira. Podemos exemplificar matematicamente.

Assumindo que 1 equivale a uma verdade, 0,5 a meia verdade e 0 para uma inexistência da verdade.

Vamos associar duas meias verdades:

0,5 x 0,5 = 0,25

Agora três:

0,5 x 0,5 x 0,5 = 0,125

Nessa matemática tendenciosa, para cada meia verdade associada nos aproximamos de 0 e ficamos mais distantes do ideal.

Então quando ver uma imagem onde uma lei beneficia o presidiário, onde o animal é maltratado pela pesquisa científica ou onde uma vacina mata todos os idosos, pare. Procure as fontes, procure os argumentos, procure saber se é verídico, procure entender os motivos, causas e situações que levam a aquela afirmação ou situação. Argumente sobre o tema e se estiver disposto, discuta (sem faltar com o respeito). Como dito num antigo seriado mexicano com baixo orçamento, dá discussão nasce a luz.
Faça isso antes de passar para frente e montar uma corrente onde a assuntos polêmicos e tendenciosos são propagados sem algum filtro ou critério. 

Agradeço aos meus amigos, Leandro, Bruno e Ânella cuja discussão levou a esse artigo.

Obs: Podem continuar compartilhando fotos de animais e bebês.

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