Alice segunda parte

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Em sua cama, Larissa tentou dormir. Não conseguiu.

            Debatia-se em um misto de pensamentos e devaneios nostálgicos.

            Sangue em uma esfera de vidro. Estava imersa nele. O ar acabara a poucos segundos. Enquanto o espanto mantem acordada sua consciência, vê a poucos metros fora da esfera aquele ser aterrorizante. Um corpo esguio de pele clara, vestindo o seu vestido de infância. Com um olhar insosso, vindo de uma face reconhecida, a sua, o ser declama calmamente em um sorriso:
- Otief lat ed áredneperra es, sarvalap sahnim rednetne, açiboc moc euq eleuqa.

Esse era o sonho agourado, que lhe ocorria na infância e agora não deixava Alice em paz. Seu cérebro de várias maneiras buscava um padrão entre os acontecimentos.
Levantou e desceu silenciosamente as escadas até a cozinha, o cansaço físico gritava em seus sentidos, mas sua consciência não lhes permitia atenção. Pegou papel e caneta e instintivamente fez uma lista dos possíveis objetos que tivera e agora eram posse da filha.

Amanheceu.

Carlos levantou renovado e encontrou sua esposa, na cozinha, em uma agitação atípica, devido a tradicional má vontade matinal. Como de costume desejou um bom dia a mulher e após o café foi para o seu emprego.
            Alice acordou em seguida, feliz, pois não lembrava nada do acontecido. Como o pai, tomou seu café e junto a vizinha foi ao colégio.

Larissa sairia somente a tarde para trabalhar. Então pegou a lista em seu bolso e vistoriou o quarto da menina. Duas horas exaustivamente longas depois, queimou tudo que havia anotado na mesma. Sua alma estava leve e entregou-se ao cansaço dormindo no chão próximo a cama de Alice, cobriu-se com uma coberta que tinha derrubado na vistoria, e de um livro próximo fez travesseiro.

            Acordou ouvindo vozes preocupadas em seu redor, sentiu suas roupas coladas ao corpo, devido o suor frio que escapava de seu poros. O pesadelo ecoava em sua mente, quanto mais tentava se lembrar, mais distante era a lembrança. O que fez que sua atenção voltasse para o presente.
            Alice com rosto pálido e feições preocupadas acompanhada de Carlos, chamava o nome de sua mãe enquanto o pai levantava Larissa para a cama.

            O relógio sobre a prateleira indicava que eram seis da tarde, não fora trabalhar.


[continua] 

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